Sigilo bancário é relativo e pode ser quebrado por interesse público

Julgados - Direito Constitucional - Quarta-feira, 18 de maio de 2005

Os sigilos bancário e fiscal, protegidos no texto constitucional, não são direitos absolutos, podendo ser quebrados em face do interesse público, que deve sempre prevalecer sobre o particular.

Havendo, como ocorre na hipótese, fortes indícios de uma simulação contratual para impor à Caixa Econômica Federal pagamento de danos morais de 50 mil salários mínimos, há razão mais do que suficiente para autorizar a quebra dos sigilos fiscal e bancário das empresas envolvidas.

Com esse entendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, negou a segurança requerida pela Construtora Planalto da Borborema Ltda., que pretendia anular o despacho do juiz federal da 6ª Vara da Pernambuco, que, a pedido da CEF, determinou a quebra de seus sigilos bancário e fiscal.

A decisão do juiz ocorreu no julgamento de uma ação de indenização por danos morais, movida pela empresa Meta Construções Estruturas Metálicas Ltda. contra a Caixa Econômica Federal. A empresa pediu 24 mil reais em razão da multa que alegou haver sido obrigada a pagar, em conseqüência de sua inscrição indevida nos serviços de proteção ao crédito pela Caixa.

Segundo a Meta Construções, a negativação pela CEF a impossibilitou de cumprir o contrato de entrega de uma retroescavadeira, que firmara com a Construtora Planalto da Borborema Ltda., o que a obrigou a pagar multa no valor de 50 mil salários mínimos da época à empresa contratante.

A CEF, no entanto, ao contestar a ação, argumentou haver sérios indícios de simulação maliciosa de contrato entre a Meta e a Planalto da Borborema, pedindo a quebra dos sigilos bancário e fiscal das duas empresas pretensamente contratantes para apurar se houve ou não o alegado pagamento da multa, que considerou vultosa para uma empresa de pequeno porte.

O TRF da 5ª Região manteve o despacho do juiz que determinou a quebra dos sigilos, o que levou a Construtora Planalto da Borborema a recorrer para o STJ, como terceira interessada, pedindo a concessão da segurança, ao argumento de que a quebra de seus sigilos implica desrespeito à cláusula pétrea inscrita na Carta Magna, além de afrontar os princípios do sigilo das informações, da garantia do livre comércio e do direito do cidadão a não ser obrigado a produzir prova que possa vir a incriminá-lo.

Ao negar a segurança pedida, o relator do STJ argumentou que a jurisprudência, tanto do STF quanto do próprio STJ, tem garantido que, havendo fundamentação satisfatória na decisão judicial que autoriza a quebra dos sigilos, não ocorre violação a nenhuma cláusula pétrea da Constituição, porque o direito garantido no texto constitucional tem natureza relativa, podendo ser quebrado quando assim imponha o interesse público, que sempre se antepõe ao particular.

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